Restauro ou Conservação, o que escolher?

Documento em papel danificado com rasgões

Ouça este episódio do podcast da Conservação num Clique:

YOUTUBE | SPOTIFY | APPLE PODCASTS | AMAZON MUSIC

Quando temos a responsabilidade de cuidar de património ou objetos com valor histórico, é comum surgir a dúvida: este objeto precisa de Restauro ou Conservação?

Esta é uma questão recorrente e essencial para quem trabalha com coleções ou possui peças que pretende preservar a longo prazo.

Hoje vou explorar consigo as diferenças entre restauro e conservação, perceber o que implica cada uma das abordagens e refletir sobre como tomar a melhor decisão para proteger as coleções que estão ao seu cuidado.

Livro antigo com a capa danificada

Restauro: recuperar a função e aparência originais

Em Portugal, o termo “Restauro” é frequentemente utilizado sempre que se fala de intervenções de conservação e restauro em património. No entanto, o Restauro é, tecnicamente, um processo muito específico, já que visa devolver ao objeto a sua aparência e/ou função original.

Trata-se de uma intervenção no objeto, uma intervenção que pode ser profunda. No caso de coleções em papel, o Restauro pode incluir ações como:

  • Reencadernação de livros;
  • Preenchimento de lacunas;
  • Reavivamento de textos ou ilustrações.

Estas intervenções podem parecer, à partida, soluções ideais. Contudo, o Restauro mal executado pode trazer mais perdas do que benefícios — como a perda de autenticidade ou do valor do objeto.

Existem inúmeros exemplos de “Restauros” mal executados que resultaram em obras descaracterizadas, intervenções essas muitas vezes irreversíveis. Por isso, é fundamental sublinhar que o Restauro deve ser sempre realizado por profissionais devidamente formados e especializados.

Antes de optar por restaurar, importa questionar: será mesmo necessário fazer uma intervenção tão profunda? Ou será que existem outras soluções?

Frase de Diana Bencatel do Podcast da Conservação num Clique, sobre o restauro de objetos danificados

Conservação: prevenir em vez de remediar

É precisamente aqui que entra a Conservação, cuja abordagem é diferente. Em vez de recuperar a função e/ou aparência do objeto, a Conservação visa evitar a deterioração ou travar danos que já se encontram em curso.

A Conservação divide-se em duas áreas principais: Conservação Preventiva e Conservação Curativa ou Interventiva

Conservação Preventiva

A Conservação Preventiva foca-se em evitar que ocorram danos e perdas, assegurando as melhores condições possíveis para a preservação dos objetos.

Inclui ações como:

  • Acondicionamento apropriado;
  • Controlo de condições ambientais (luz, temperatura, humidade, pestes, poluentes);
  • Higienização do objeto.

É uma espécie de “medicina preventiva” para os bens culturais. Tal como cuidamos da nossa saúde e procuramos prevenir doenças com alimentação equilibrada e exercício físico, também o património beneficia de cuidados que previnem doenças — ou, neste caso, danos.

O especialista Garry Thomson, uma enorme referência na área da conservação do património, defendia que o melhor método para proteger coleções é o controlo do ambiente em que estas se encontram. Pode explorar mais este tema no livro “The Museum Environment” que Garry Thomson escreveu.

Conservação Curativa ou Interventiva

Pode-se pôr em prática ações daquilo a que se pode chamar Conservação Curativa ou Conservação Interventiva quando os objetos já apresentam danos, ou quando se encontram danos em curso.

Em livros e documentos, essas intervenções podem ser, por exemplo:

  • Planificação de folhas dobradas
  • Pequenas reparações para evitar agravamento de danos (tipo primeiros-socorros)
  • Consolidação de zonas fragilizadas

Porque se deve priorizar a Conservação?

É verdade que o Restauro pode ser necessário em várias situações. Contudo, existem três razões fundamentais para privilegiar a Conservação – especialmente a Conservação Preventiva – sempre que possível:

  1. Reduz o risco de danos e perdas
  2. Preserva a autenticidade e o valor histórico dos objetos
  3. Evita intervenções profundas (e mais dispendiosas) no futuro

Quanto mais cedo aplicarmos boas práticas de Conservação, menor será a necessidade de recorrer a medidas mais invasivas.

Quer saber mais?

Se tem interesse em aprofundar o tema da conservação de coleções em papel, assista ao Webinar GRATUITO “Materiais Para Conservar Coleções em Papel”! Inscreva-se aqui.

O podcast da Conservação num Clique conta também com outros episódios que lhe podem interessar:

Poderá ainda consultar os nossos cursos online:

Tenho a certeza que irá beneficiar, e muito, das aulas, onde exploramos mais a fundo os materiais e estratégias práticas para higienização, acondicionamento e pequenas intervenções em livros e documentos.

Partilhe o conhecimento

Se este conteúdo lhe foi útil, partilhe-o com colegas e amigos que também possam ter dúvidas sobre as diferenças entre Restauro e Conservação, e quando devemos optar por um, ou por outro. Desta forma, pode ajudar outras pessoas a fazer escolhas mais conscientes e sustentáveis no cuidado do património.

Se tiver ficado com alguma dúvida, ou se quiser partilhar comigo as suas experiências sobre este tema, mande-me uma mensagem através do site da Conservação num Clique, ou através das redes sociais Facebook, Instagram e Linkedin. Será um prazer trocar ideias consigo!

Capa do podcast da Conservação num Clique, com Diana Bencatel a pegar em dois pesos

10 Materiais para reparar danos em papel

Descarregue gratuitamente esta checklist e descubra quais são os materiais ESSENCIAIS para reparar danos frequentes em papel (e onde os adquirir). Contribua decisivamente para melhorar o estado de conservação de livros e documentos!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *