Como reduzir os níveis de humidade relativa em arquivos e bibliotecas

Termohigrógrafo junto de livros antigos numa prateleira

O excesso de humidade em espaços onde estão armazenados livros ou documentos é dos problemas mais comuns em arquivos, bibliotecas, museus e não só.

Mas porque é que a humidade relativa está tão alta?

Em muitos casos, níveis elevados de humidade relativa estão relacionados com:

  • níveis de humidade relativa elevados no exterior;
  • utilização de caves ou outros espaços já de si húmidos para armazenar acervos;
  • dificuldades em climatizar adequadamente os espaços;
  • características do edifício, ou seja, paredes, portas e janelas que não vedam bem;
  • problemas nas caleiras e/ou em canalizações, que podem originar infiltrações;
  • muitos visitantes, cuja respiração contribui para o aumento dos níveis de humidade no ar.

Mesmo que não tenhamos nenhum aparelho para medir os níveis de humidade relativa num determinado espaço (como um termohigrógrafo), existem pistas que nos podem ajudar a perceber que temos um problema.

Como perceber que os níveis de humidade relativa estão altos?

Eis alguns sintomas frequentes em espaços que estão com níveis de humidade relativa demasiado elevados durante semanas, meses ou anos:

  • amarelecimento de papel,
  • surgimento de novos pontos acastanhados (conhecidos como “foxing”) em livros ou documentos,
  • aparecimento de fungos nos livros ou documentos,
  • cheiro a mofo,
  • aparecimento de fungos em paredes e tetos,
  • aumento do número de insetos rastejantes.

Em muitos contextos existe pouco (ou nenhum) acesso a aparelhos de monitorização ambiental, pelo que é difícil perceber como vão variando os níveis de humidade relativa e temperatura nos espaços.

E mesmo que se consiga monitorizar de alguma forma as condições ambientais, muitas vezes não existe equipamento de controlo de humidade e temperatura.

Como controlar os níveis de humidade relativa junto de coleções?

Independentemente do equipamento que possa ou não existir, a regra de ouro é que, junto de obras em papel, como livros e documentos, se deve tentar manter os níveis de humidade relativa abaixo dos 65%. Acima deste valor os fungos desenvolvem-se mais facilmente.

Deve-se também evitar grandes variações da humidade relativa e temperatura, mantendo-as o mais estáveis e constantes possível.

É muito importante perceber como é que os espaços se comportam naturalmente, sem controlo ambiental feito por máquinas (como ar condicionado ou desumidificadores).

Pode chegar-se à conclusão de que não é necessário ter máquinas sempre ligadas para manter níveis de humidade relativa e temperatura dentro de limites aceitáveis.

No caso do ar condicionado, pode ser uma boa opção mas é cara, pelo que só se deve escolher se houver recursos para pagar a manutenção e toda a eletricidade que este tipo de equipamento consome.

Sempre que possível, o ideal é usar sistemas passivos de controlo ambiental, reduzindo-se ao mínimo o uso de máquinas – o que é bom para a carteira e para o ambiente.

Aqui ficam algumas ideias de como reduzir os níveis de humidade relativa de forma passiva e criar condições ambientais propícias à preservação de obras em papel:

  • limpar os espaços, o mobiliário e as obras com métodos secos;
  • vedar bem portas e janelas;
  • arejar regulamente os espaços;
  • limpar as caleiras do edifício pelo menos uma vez por ano (preferencialmente antes das grandes chuvas);
  • manter as canalizações em bom estado;
  • criar microclimas para livros ou documentos mais sensíveis ou valiosos, por exemplo usando caixas ou molduras onde se pode colocar sílica-gel para controlar os níveis de humidade relativa.

Espero que estas dicas sejam úteis para ajudar a reduzir os níveis de humidade relativa onde quer que precise de o fazer.

Se tiver outras ideias sobre como controlar os níveis de humidade relativa, partilhe nos comentários, vou adorar saber!

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