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A prevenção é, sem dúvida, uma das palavras-chave quando falamos de preservação de património. Mas, embora todos concordem na teoria com esta ideia, existe ainda uma tarefa que por vezes se deixa arrastar durante demasiado tempo: a criação de um Plano de Emergência em Museus, Arquivos e Bibliotecas.
Neste artigo, vou partilhar consigo os quatro passos fundamentais para começar a proteger a sua coleção de desastres inesperados. A boa notícia? Um plano simples, prático e bem comunicado pode ser suficiente para evitar perdas irreparáveis.

Por que razão é necessário um Plano de Emergência?
Provavelmente já ouviu falar de incêndios ou inundações que afetaram gravemente instituições culturais. Mas será que já se perguntou: “E se isto acontecesse aqui?”
Ter um Plano de Emergência pode ser o fator decisivo entre salvar parte significativa da sua coleção ou perder tudo. Um plano eficaz ajuda a:
- Prevenir riscos antes que se tornem realidade
- Agir de forma rápida e organizada durante uma emergência
- Minimizar danos e perdas
4 passos para começar a criar um Plano de Emergência
1. Avaliação de Riscos
O primeiro passo é identificar e classificar os riscos que podem ameaçar a coleção.
Coloque questões como:
- Existe risco de inundações?
- Há perigo de incêndio?
- O edifício apresenta problemas estruturais?
- A segurança contra roubos e vandalismo está assegurada?
Com base nestas questões, pode analisar-se: a Probabilidade de ocorrência (que pode ser baixa, média ou alta) e a Gravidade do impacto (que pode ser fraca, média ou importante). O cruzamento destes dois critérios permite definir a Magnitude do risco, que pode variar entre o “tolerável” e o “inaceitável”.
2. Definir Ações e Prioridades
Se acontecer um desastre, quais são os objetos mais valiosos, únicos ou frágeis que devem ser salvos em primeiro lugar?
É fundamental identificar previamente esses objetos prioritários e, ao mesmo tempo, implementar medidas que reduzam os riscos, tais como:
- Verificar e manter os sistemas de deteção e combate a incêndios
- Guardar objetos em locais elevados (em caso de inundações)
- Criar cópias digitais de documentos insubstituíveis
3. Preparar a Equipa
De pouco serve um plano se ninguém souber o que fazer em caso de emergência.
Por isso, deve-se previamente:
- Atribuir funções específicas a cada membro da equipa
- Realizar simulações regulares
- Ter os contactos de emergência visíveis e acessíveis
Um Plano de Emergência eficaz não precisa de ser burocrático, mas tem de ser claro e ser do conhecimento de todos os membros da instituição, para poder ser posto em prática com sucesso por todos os envolvidos.
4. Criar um Kit de Emergência
Um simples Kit de Emergência pode fazer toda a diferença nos primeiros minutos após um incidente, por exemplo perante uma inundação.
Sugiro que arranje uma caixa exclusiva para este kit que inclua o seguinte material, a usar apenas em situações de emergência:
- Luvas de nitrilo
- Máscaras de proteção
- Sacos de plástico de diferentes para isolar documentos ou outros objetos molhados
- Panos e outros materiais absorventes
- Fita adesiva
- Lanternas e pilhas suplentes
Faça download de um pequeno PDF que criei com uma lista mais completa do material que recomendo ter nesta caixa. Descarregue aqui o meu Kit de emergência para desastres.
Pode parecer básico, mas numa situação de stress e urgência, ter estes materiais à mão pode evitar danos mais graves.
Resumindo
Os 4 passos essenciais para começar a fazer um Plano de Emergência são:
- Fazer uma Avaliação de Riscos
- Definir Ações e Prioridades
- Preparar a Equipa
- Criar um Kit de Emergência

Comece já: um Plano de Emergência pode salvar a sua Coleção
Infelizmente, há inúmeros exemplos de perdas de património irreparáveis por falta de preparação.
Mas também existem casos de sucesso, em que património foi salvo graças a planos bem estruturados e implementados.
Se a sua instituição — que pode ser um Museu, Arquivo, Biblioteca, Galeria de Arte, ou outra — ainda não tem um Plano de Emergência, este é o sinal que precisava para começar a elaborar um. Fale com os responsáveis da sua instituição e com o departamento de Higiene e Segurança no Trabalho, e comecem a trabalhar em conjunto!
É um processo que pode demorar meses, pois exige recolha de dados, reuniões e planeamento. Mas quanto mais cedo começar, mais cedo as coleções (e as pessoas!) estarão protegidas.
Em conjunto, vamos estar mais preparados para o inesperado — porque os desastres acontecem, só não sabemos quando!
Espero que tenha gostado deste artigo. Se o achou útil, partilhe-o com colegas e amigos da área do património. Quanto mais pessoas estiverem informadas e preparadas, mais forte será a nossa capacidade coletiva de proteger o que é valioso.
Caso tenha alguma dúvida, pode contactar-me através do site da Conservação num Clique, ou através das redes sociais Facebook, Instagram e Linkedin.
Também adorava saber o ponto de situação da criação de um Plano de Emergência na sua instituição, se quiser pode partilhar nos comentários!


