A conservação preventiva é a medicina preventiva do património

A preservação do nosso património, sejam as fotografias de família ou o espólio do maior museu da cidade, nem sempre é fácil.

É frequente surgirem problemas que causam graves danos em coleções e que se arrastam muitas vezes pela falta de recursos ou de informação sobre soluções possíveis. No entanto, há ações simples que se podem pôr em prática para evitar maiores danos e gastos futuros, contribuindo para preservar e manter o valor das coleções.

Quer as peças estejam em bom estado de conservação, a necessitar de tratamento ou já tenham sido tratadas por especialistas, há algo de que irão sempre necessitar: de um ambiente adequado às suas características e especificidades. E é aqui que entra a “medicina preventiva” do património, a chamada “conservação preventiva”.

Garry Thomson, químico e grande especialista da área, durante décadas alertou para a importância de monitorizar e controlar o ambiente onde as coleções se encontram (dando especial destaque à luz, temperatura e humidade). Chamava a atenção para o facto de que, quando uma peça se deteriora, por mais que seja recuperada, vai sempre perder alguma da sua autenticidade. E é isso que se pode e pretende evitar através de ações de “prevenção”.

Em Portugal, são inúmeras e cada vez mais notórias as boas práticas de conservação preventiva – embora nem sempre claramente “visíveis” para os visitantes. Filtros de radiação ultravioleta nas janelas, vitrines com aparelhos medidores de temperatura e humidade, bibliotecas históricas com limite de visitantes diários, casas-museu cujos visitantes usam proteções nos sapatos para evitar sujar pisos e tapetes históricos, arquivos que só recebem documentos previamente limpos, entre muitos outros exemplos.

E transversalmente a tudo isto está a partilha de informação dentro e fora das instituições. Para além do crescente contacto entre profissionais, são muitas as instituições que têm feito um excelente trabalho de comunicação com o seu público, informando sobre medidas de prevenção que podem pôr em prática, as suas vantagens para a preservação de coleções e a importância de recorrer a especialistas de conservação sempre que necessário.

Um trabalho fundamental, já que é no presente que podemos (e devemos) preservar a herança do futuro.

Sugestões de leituras adicionais:

– Garry Thomson, “The Museum Environment” (1985) – orientações sobre monitorização e controlo de luz, temperatura e humidade;

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